CredAluga e Kanastra criam fundo com cotas que substituem fiador em aluguel de imóvel

As fintechs CredAluga e Kanastra lançaram o primeiro fundo de investimento que prevê o uso das cotas como garantia de aluguel. A ideia é que o fundo seja oferecido para pessoas que queiram alugar um imóvel como uma possibilidade de garantia aos locadores, em substituição à figura do fiador, aos títulos de capitalização e ao seguro-fiança.

Como funciona o fundo?

Ao assinar o contrato de aluguel, o inquilino faz um aporte no fundo. As cotas são cedidas como garantia e podem ser resgatadas pela imobiliária caso haja inadimplência. Se isso não ocorrer, ao fim do contrato o inquilino pode resgatar o investimento com o rendimento da aplicação.

A Kanastra fornece serviços de backoffice no mercado de fundos e securitização. Já a CredAluga é focada em serviços financeiros para imobiliárias. A ideia é aproveitar esse relacionamento para crescer, segundo Daniel Santos, que comanda a CredAluga ao lado de Guilherme Blumer.

Dentro do modelo, as imobiliárias são vistas como intermediárias estratégicas por conectarem proprietários, credores da cessão fiduciária, e inquilinos, que aportam o montante no produto financeiro, diz Santos.

O modelo de investimento como garantia

O fundo, criado em junho, aloca recursos em ativos de renda fixa de baixo risco, sobretudo títulos públicos, e tem prazo de resgate D+1. Os ativos sob gestão somam R$ 11,5 milhões. O objetivo é que o primeiro bilhão seja alcançado no prazo de cinco anos. O plano é abocanhar uma parte do montante que hoje está nos títulos de capitalização, instrumentos de disciplina financeira, conforme a definição da Federação Nacional de Capitalização (FenaCap), que são atualizados pela TR, com a possibilidade de concorrer a sorteio de prêmios em dinheiro.

De acordo com a Superintendência de Seguros Privados (Susep), a utilização do título de capitalização como garantia locatícia arrecadou mais de R$ 1 bilhão entre janeiro e abril deste ano.

“Além da busca por uma rentabilidade acima dos títulos de capitalização, o fundo tem o diferencial de não cobrar uma taxa do inquilino caso seja necessário o resgate antecipado”, diz Santos.

Tributação do fundo

O fundo é tributado como qualquer outro fundo de investimento em renda fixa. Se o inquilino for pessoa física, a alíquota varia de 15% a 22,5% do rendimento, dependendo do prazo. Há também uma taxa de até 3,77%, que engloba taxa de formalização, administração e custódia, gestão e demais custos envolvidos na operação.

A possibilidade de usar cotas de fundos como garantia é contemplada pela Lei do Inquilinato desde 2005, mas não tinha sido tirada do papel até agora devido à complexidade de implementação, diz Manuel Netto, cofundador da Kanastra, que estruturou o fundo e atua como gestora.

“Um dos motivos para ela não existir ainda era a necessidade de tecnologia para possibilitar o inquilino se tornar cotista do fundo”, afirma. “É uma estrutura sofisticada, mas na qual o inquilino, também cotista, tem uma experiência muito fluida. E é muito inteligente enquanto produto para as imobiliárias. Por isso, a aceitação tem sido muito alta”, afirma Netto.

Fonte: Valor Econômico